As atividades desenvolvidas a partir da REDE são realizadas em nome de princípios éticos e metodológicos que serão objeto de uma regulação permanente, através duma exigência de reflexividade e da assunção de uma posição responsável em relação à comunidade científica, aos parceiros associados às atividades desenvolvidas e à sociedade no seu conjunto.

1. Para enquadrar este compromisso científico, profissional, social e político, procuramos perseguir os princípios éticos que queremos promover ao nível da sociedade, dando prioridade: 1) ao respeito pela diversidade e pela divergência que existem. na base da construção das sociedades, procurando encontrar a melhor equação possível entre os interesses individuais e coletivos e o bem comum; 2) a solidariedade, contra a competição que se esgote na busca do interesse individual; 3) a cooperação, que visa integrar a contribuição de todos para a realização de objetivos comuns, ao longo de um processo educativo onde a aprendizagem é coletiva; 4) interculturalidade de pontos de vista ou transdisciplinaridade no campo disciplinar como metodologia para enfrentar questões complexas; 5) a dimensão transnacional essencial para compreender e atuar no contexto de formações sociais interdependentes; 6) os processos através dos quais se gerem, sempre a médio e longo prazo, os valores que motivam os nossos compromissos, mais do que resultados que se esgotam no curto prazo sem projeção no tempo.

2. Estes princípios traduzem-se nas orientações metodológicas seguintes:

  1. A identidade da REDE e as suas atividades devem estar associadas à busca do bem comum servido pelos valores de respeito pelas diferenças, de solidariedade e de justiça social.
  2. A atividade da REDE deve ser pautada pela busca de valores coletivos e por uma abordagem que possibilite conciliar, num processo de aprendizagem permanente, o interesse individual e o interesse coletivo. Esta orientação diz respeito tanto à formação da própria Rede como às situações de pesquisa nas quais seus Membros estão envolvidos.
  3. A Rede tem uma vocação transnacional e pluricultural e não discrimina os seus membros de acordo com o seu local de residência, a sua nacionalidade, a sua afiliação étnica, a sua língua, o seu gênero ou qualquer outra característica suscetível de poder ser utilizada como critério de desigualdade individual, social ou científica.
  4. A atividade da Rede é pautada pelo princípio de cooperação que deve prevalecer tanto entre os seus membros como entre os seus membros e toda a comunidade científica. São Rejeitadas práticas competitivas que sejam impostas por interesses internos ou externos ao campo científico na medida em que elas visem criar ou perpetuar privilégios ou hegemonias, com base em critérios não científicos, e que possam limitar ou condicionar a capacidade de criatividade, de produção ou de intervenção, movidas pelo interesse científico.
  5. O tratamento de problemas complexos, que dominam os desafios que se colocam à pesquisa e à intervenção, exige tempo. Neste sentido, ainda que os resultados devam ser indexados a lugares ou a tempos específicos, o compromisso científico da Rede/Desigualdades deve valer pela sua participação em processos que significam em relação a diferentes escalas espaciais e temporais que se projetam, na maioria dos casos, no médio ou no longo prazo.
  6. Tendo em conta a sua dimensão transnacional, transdisciplinar e socialmente comprometida, a REDE é confrontado e deve contribuir para o tratamento de problemas complexos. Isso significa que no campo de atividade de referência da Rede intervêm outros atores – públicos e privados – movidos por lógicas de ação diferentes da lógica científica. Uma vez que os produtos da atividade científica devem resultar, nestas conjunturas de parceria, da conjugação dos diferentes interesses em jogo, ou mesmo de formulações divergentes dos mesmos problemas, a avaliação dos resultados da ação deve ser plural no que diz respeito às suas dimensões, transparente nos seus critérios e arbitrada, em última instância, por princípios éticos.